sábado, 16 de outubro de 2010


"Estamos com fome de amor

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros 
e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam 
sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que 
estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. 
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os 
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era 
resolvido fácil, alguém duvída? 
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber 
carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de 
um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que 
vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa 
marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a 
carreira, a produção. 
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como 
voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão 
distante de nós. 
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de 
relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: 
"Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada 
"Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em 
meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos,plásticos, quase 
etéreos e inacessíveis. 
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a 
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão 
infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que 
verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa 
verdade de cara limpa. 
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, 
démodé, brega. 
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer 
ridículos, abobalhados, e daí? 
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e 
falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo 
pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou 
muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca 
mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à 
dois. 
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que 
se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, 
pra quê pensar nele ? Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o 
dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser 
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é 'out", 
que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me 
aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou 
outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu 
não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo 
resto da vida". 



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